O mistério de Irma Vap

O Mistério de Irma Vap

Confesso que faz mais de um ano que não comento sobre peças teatrais, a última vez que dei meu parecer foi em janeiro de 2008, logo após conhecer o musical "Spring Awakening": adaptação para a Broadway do texto alemão "Despertar da Primavera" (de Frank Wedekind, publicado no auge do expressionismo da Alemanha, em 1981); confesso também que estava com saudade de dar minha opinião nas montagens, como sou ator, adoro olhar "tecnicamente" as cenas, claro que no palco dois mais dois pode ser cinco e uma simples mesa pode representar milhares de coisas, por isso prefiro falar sobre o lado artístico.
A convite do jornalista Humberto Baraldi, fui convidado à ir ao 
Teatro Frei Caneca (São Paulo) para comentar sobre a peça "O Mistério de Irma Vap". A princípio pensei em recusar o convite, no dia seguinte resolvi aceitá-lo.
Teatro Frei Caneca, 9 da noite, lá estava eu aguardando a entrada. O público foi recepcionado por um calmo senhor de aparência serena e alegre na beira da escadaria que nos levaria para a platéia. Com certo atraso a peça começou, nesse momento senti que uma onda de nostalgia me afogou, lembrei-me dos inesquecíveis Ney Latorraca e Marco Nanini (que haviam interpretado divinamente Irma Vap durante 11 anos). Eu estava disposto a evitar comparações, então tratei de "curtir" a peça. Puxa! que surpresa que tive! Cassio Scapin e Marcelo Médice estavam INCRÍVEIS em cena. Os dois atores representaram oito personagens em cena, fantasticamente (desculpem-me repetir tanto a palavra Fantático e seus derivados, mas é FANTÁSTICO) eles trocavam de figurino em questão de segundos, saiam por um lado do palco e antes mesmo que eu pudesse pensar no que havia acontecido eles já entravam em cena novamente (em questão de segundos trocavam os imponentes figurinos)... Fantástico.  Outra característica que me chamou bastante a atenção foi o fato de os atores improvisarem constantemente em cena, Cassio e Marcelo deram um ar totalmente atual em determinados momentos, Lady Enid (interpretada por Marcelo) confessou que tinha adorado assistir "Marley e Eu" e Lorde Edgar (Cassio) comentou sobre a biografia da bispa Sônia, o que me soou como improviso, mas foi super válido em nome das gargalhadas que arrancaram da platéia.
Marilia Pêra assinou a direção do elenco.
A história eu não vou contar, sugiro que quem se interessar assista e tire as próprias conclusões, porém logo deixo uma dica: preparem-se para rir muito. 
O mistério de Irma Vap: Fantástico!
Um outro colega jornalista, Vitor Cardoso, fez a cobertura da estréia e entrevistou renomados artistas brasileiros. Veja a reportagem abaixo. 
Como se diz no teatro: Merda pra todo mundo!
Ale Callegares