Vinte e dois.


Como de costume volto a escrever depois de 6 ou 7 meses longe do teclado. Muitas coisas mudaram como era de se esperar, aliás a cada 6 ou 7 meses as coisas sempre mudam muito. É incrível mas eu consigo sentir profundamente o ditado “o mundo dá voltas”, e dá mesmo, cada volta é uma mudança. Sei que são ciclos e que as coisas tem que mudar mesmo, faz parte da vida, são nesses momentos de balanço que me lembro da música A Lista do Oswaldo Montenegro. Bom, vou confessar uma coisa, eu tenho plena consciência que ninguém lê meus textos, ou seja, estou escrevendo no meu diário virtual, vamos chamar assim. Escrevo porque quero lembrar de quem eu era no passado, por isso digo para mim mesmo: “Bem vindo ao passado, Ale”. Vamos resumir o que se passa neste momento da minha vida. Tenho 22 anos, estou terminando minha graduação em Publicidade e Propaganda, trabalho cuidando da imagem de uma empresa de e-commerce (aliás tenho aprendido bastante sobre internet), estou de férias da minha primeira peça que produzi e dirigi (o Até Quando, que por sinal foi um sucesso) e estou gostando e me dedicando à alguém sem medo, aliás, sempre tive muito medo de mergulhar de cabeça em um sentimento, não que eu tenha sido superficial, mas sempre fui muito cauteloso e por vezes falso (comigo mesmo, deixo isto claro). Fiquei me enganando diversas vezes sobre um ideal de felicidade e hoje cheguei à conclusão de que a felicidade é composta de pequenos momentos do agora e não do futuro, claro que muitos já escreveram isso, mas é surpreendente como faz tão mais sentido quando se sente de verdade. Agora por exemplo, estou escutando “When you´re gone” no trabalho do meu namorado, não tem nada de demais, ele ta no Facebook dele e eu estou aqui no notebook, pode parecer simples e até bobo, mas é tão perfeito.

Acabei de citar, mas não me aprofundei, estou namorando, e estou gostando disso. Finalmente me permiti à isso, é bem diferente do que eu imaginava... além de gostar de alguém, é preciso tentar entender alguém. É difícil né? Namorar é pra quando você gosta mesmo. É mais que sexo, é mais que curtir, é querer fazer parte de bons momentos com alguém. Não é simplesmente um “me liga quando estiver afim”, é quase como “o que eu posso fazer pra te ver sorrir hoje? ”... Dá pra entender? Acho que to sendo confuso.

Como estou hoje, com 40 anos? Provavelmente feliz, tenho certeza. Estou certo?



Um beijo do Callê com 22 anos.

Quando você se sente vazio.

Roubaram-le o bem mais precioso que ele tinha: o sorriso.
A cena não era nem triste nem alegre, era de vazio.
Quando se está feliz se pensa em aproveitar inesgotavelmente a vida, quando se está triste se pensa em dar a volta por cima, recomeçar, reconstruir. A tristeza é sempre uma oportunidade; mas quando se está vazio...











Não se tem rumo, desejos, medos. Simplesmente não se sabe o que fazer.
É parecida com o conformismo, com quem se acostuma quando percebe que não tem mais jeito.
Quando você se sente vazio....

Vinte e um

Os gostos do mundo já não são mais os mesmos. Confesso que também não vejo mais as coisas como antes, apesar de eu sempre dizer que não vejo as coisas com antes. Fui aprendendo a ver pelos dois lados, a entender o que faço e como isso interfere na vida de quem divide a vida comigo.
O cheiro... esse também mudou, quando se faz 21 anos a menta toma de vez o cheiro doce que durante vinte anos te carregou. O cheiro da madeira, do suor nas horas ofegantes, se é que vocês me entendem.
Vinte e um é bastante tempo, mas passou tão rápido. Tento guardar as imagens de outrora, mas a infância está cada vez mais e mais longe, os rostos não são os mesmos, os carinhos não são os mesmos... mas isso não tira a mágica da coisa.
Os méritos, sempre existem méritos em tudo que fazemos. Dizem que para viver é preciso matar um leão por dia, o que nos leva a chegar a uma conclusão com um simples cálculo... se tivessemos que matar um leão por dia eu ja teria vencido aproximadamente 7650 leões. Ainda bem que não o fiz, não curto agressões aos animais.
As responsabilidades, essas sim são cada vez maiores, e crecem numa proporção tão grande... há tão pouco tempo eu não precisava me sujeitar a milhares de coisas que faço hoje, mas isso também faz parte do show.
Poderia falar horas e horas sobre como me sinto, mas estramente não me sinto. Os aniversários parecem cada vez mais com dias comuns. Isso sim não é um mérito.

Belém belém!

Engraçado.... as vezes algumas pessoas passam em nossas vidas de forma tão meteórica, elas chegam, mudam tudo, colocam as coisas de ponta-cabeça...
A gente fica com a mão fria, o coração bate acelerado.... chamam isso de paixão....
e esse fogo vai sendo alimentado, de repente vira um incendio, te queima por inteiro... a isso dão nome de amor.... de repente pufff: acaba o relacionamento.
É aí que o "eu te amo"vira "bom dia", ou pior, as vezes nem isso, as vezes ódio, repulsa...
Por que essa repulsa mortal de alguém que um dia chamamos de amor?
Por que a saudade de outrora se transforma em desprezo?
É, realmente é engraçado... e trágico.
Sei lá, acho meio infantil essa atitude.
Mas vai saber... ainda sou pequeno pra entender esses assuntos de coração.

Metade

E minha vida devia ser um filme...

Quem é o roteirista da história da minha vida?
Esse cara é bem louco, sabiam?
Ele muda tudo de uma hora pra outra, nada faz sentido.
E os atores coadjuvantes então? Loucura, fazem cada bizarrice... Os figurantes são muito engraçados, e eu, o ator principal, sou o mais atrapalhado de todos. Não sei se ele está escrevendo uma comédia, mas eu me racho de rir com cade cena nova que ele escreve. Ontem mesmo ele escreveu uma cena onde me dava um surto de escritor. Na roteiro eu saía correndo desesperadamente atrás de uma caneta. Achei uma em uma exposição, cuidadosamente arranquei a caneta do barbante que a ligava ao livro de recados e botei sorrateiramente no bolso. Logo em seguida começou uma fuga alucinante em direção ao Santa Ifigênia, um boteco que ficava a algumas quadras dali, na Praça da República em São Paulo. Para disfarçar meu crime pedi um risole de queijo. Eu sentei, mas as evidências do crime eram cada vez maiores e minha consciência pesava. Eu olhava para os lados e via que tinha um rapaz me olhando... talvez ele tivesse me seguido. O rapaz começou a chegar perto, e eu tentava disfraçar. Elem vinha se aproximando cada vez mais com aquele ar de dúvida na expressão. Até que ele chegou à minha mesa, colocou a mão no bolso como quem vai tirar um revólver e olhando no fundo dos meus olhos disse: - quer beber algo senhor?
Meu coração disparou, achei que ele estivesse apenas querendo desviar minha atenção. Com medo eu disse: - não, obrigado, só o risole me basta.
Assim que ele virou as costas eu saí disparado em direção ao Teatro de Arena, vi um banner de uma peça que falava sobre a censura na época da ditadura e não pensei duas vezes, entrei alucinadamente no teatro e fiquei ali disfarçado entre as dezenas de espectadores. Eu e minha ância, minha ira, minha consciência pesada. Não aguentando mais a pressão psicológica da situação na qual eu me via inserido resolvi ir ao banheiro e lá escarrei todos meus sentimentos inundados e empoçados dentro do meu coração como um dragão que cospe fogo em quem tenta se aproximar. Meu corpo enfraqueceu e o roteirista me fez sentar no chão do banheiro. Fracamente fez eu me arrastar até o papel higiênico. Peguei uns 30 centímetros aquele rolo de papel úmido e pus-me a escrever ali no chão. Finalmente eu entendera o motivo de eu ter roubado a caneta. Era caso de vida ou morte. Se eu não escrevesse o que eu sentia naquele momento, meus pensamentos tomariam conta de mim e o final dessa história poderia ser muito mais trágico caros leitores. Escrevi cada centímetro daquele pedaço de papel e vendo que aquela ância não passava resolvi pegar o rolo todo..... foram 40 metros de dejetos de sentimentos destroçados, sujos e rejeitados pelo roteirista. Nós, atores principais, somos os que mais sofremos, podem reparar que todos os problemas se voltam para nós, todos no filme tem uma relação conosco, se uma tragédia vai acontecer, nós, os protagonistas, estaremos sempre lá. Nossos amores sempre são os mais injustos e sempre choramos por não sabermos o que fazer. Mas sabem o que me deixa mais feliz com os roteiristas? Eles são sem criatividade e todos usam a mesma fórmula batida, msa que vocês, espectadores, gostam de ver: o mocinho, eu, sempre se dá bem no final.
Obrigado senhor roteirista. Amanhã nos vemos no próximo episódia da minha vida.

Me encontre aqui...